quinta-feira, 13 de maio de 2010

17h30min

Às cinco e meia da tarde ele acorda, a cara enfiada no travesseiro e as pernas tortas; posição um tanto desconfortável. Involuntariamente segura o celular que estava no canto da cama e olha a hora, percebe que dormiu muito mais do que o esperado. O despertador não tocou. Embora sabendo que a campainha nunca falhou, esta era sua desculpa de sempre e o único a acreditar era ele mesmo.

Vira com a barriga para cima e encara o pôster no teto do quarto. Senta-se na cama, os pés encostam naquele chão frio, há alguns anos isto era tudo que ele queria. Acordar sozinho. Vai até a cozinha e prepara uma xícara com café forte, sem nenhum açúcar. Ainda num estado de torpor, lembra-se de sua avó que antes de acordá-lo sempre deixava a xícara perto do pó do café, com a água já fervendo naquele fogão que ela tanto gostava, tudo isso de manhã. Agora a criança perdera a noção da hora, não tinha mais para quem inventar desculpas e, não importando a hora que acordasse, ia direto para a cozinha na esperança de ver a xícara ao lado do café, o fogo aceso para a água e algum açúcar naquele pote de amargura que sua vida se tornara.

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